Vida!
Eu demorei muito tempo para conseguir começar a entender algumas coisas, mesmo com muitos amigos dizendo que eu estava, novamente, errado continuei insistindo no que eu queria.
Já faziam alguns anos que eu parti da casa de minha mãe e fui para o outro extremo da cidade. Poucos me conheciam ali, era uma chance de começar algo novo, e em meio esse algo novo, conhecer novas pessoas. Devo admitir que não sou bom nisso, mas sempre tentei criar alguns vínculos.
Em minha vida, tive algumas grandes paixões, a maioria delas não ficou ao meu lado. Todas estão felizes com seus respectivos parceiros/parceiras ou sozinhos (as). Eu percebi que tinha o costume de melhorar a vida dos outros, amorosamente falando. Todas as moças e rapazes com quem me relacionei, uma hora ou outra encontravam o par perfeito, ou não queriam abrir mão daquilo que haviam conquistado para embarcar em uma loucura amorosa. Por algum tempo eu entendi isso como algo ruim, porém, hoje, vejo que talvez isso tenha tido um certo "lado bom" em meio ao caos da minha cabeça.
Me lembro detalhadamente do dia em que, muito apaixonado por uma moça, e igualmente apaixonado por leitura, comentei que estudava o suicídio. Era bom conversar com ela, discorríamos sobre todo o fato do suicídio e qual a necessidade de se estudar aquilo. Por muito tempo, ela demonstrava total interesse em saber aquilo que eu estudava e onde eu queria chegar com aquilo. Entre idas e vindas de um relacionamento casual, senti a necessidade de dizer que sentia algo a mais por ela e que gostaria muito de continuar aquilo de outra forma. Porém, para meu azar, fui pedi-la em namoro enquanto ela estava com outra pessoa. Um rapaz muito mais bem apessoado que eu, claro. Ele era bonito, tinha um sorriso bonito também, ela sorria em seus braços. Não cheguei a falar com eles, apenas vi-os ali, sozinhos e felizes. Achei que seria muito incômodo atrapalha-los com sentimentos meus. O papel em minha mão, o qual havia um pequeno poema, fora jogado num latão de lixo próximo a mim. Não por que não queria mais a poesia, mas por que a quem eu destinei a poesia, já estava feliz e não necessitava de mais palavras de alguém como eu.
Fui embora, aquele dia, sozinho. Caminhei até um ponto de ônibus, sentei-me, acendi um cigarro e enquanto aguardava, os vi descendo, sorrindo, sorri, também, pois desejava o melhor para ela.
Em uma outra vez, ainda me lembro de um rapaz, o qual conheci em uma biblioteca, conversamos sobre um livro que ele estava lendo, nos aproximamos e mentemos uma pequena relação. Abraços e caricias eram constantes, mas sempre em privado, pois, ainda há o preconceito com os relacionamentos homo afetivos. Mantínhamos isso apenas entre nós. Certo dia, caminhando pelo centro da cidade, avistei-o, porém, o mesmo me ignorou, não entendi muito bem o motivo, porém continuei caminhando em sua direção. Alguns passos de me aproximar, com um sorriso no rosto, o olhar dele tornou-se triste e ele pedia desculpas bem baixinho. Uma moça, de cabelos negros sai de uma loja de roupas, o abraça e diz "Vamos?". Entendi na hora o que havia acontecido. Mas meus sentimentos eram muito grandes para deixa-lo ir.
Um dia, nos encontramos na mesma biblioteca e decidi dizer exatamente aquilo que sentia por ele, abri meu coração da forma mais pura que já existiu, ele disse entender tudo aquilo, mas que não poderia fazer nada, já que não iria jogar fora 3 anos de namoro para encarar aquilo.
Foi como um soco no estômago que me perseguiu por muito tempo. Muitas vezes nos encontramos e sempre me vinham suas palavras em minha cabeça. " Eu não vou jogar fora 3 anos de namoro pra encara isso".
Decidido a sumir por um tempo, passei por maus bocados com o meu caos interior. Passei muito tempo sozinho e me isolando de tudo o que havia me feito mal: pessoas!
Um dia, sentado em um bar, uma moça se aproximou, perguntou as horas, respondi. Ela disse não ser da cidade, estava só a passeio, esperando uma amiga. Chamei-a para sentar, ali não era um lugar muito seguro para ficar sozinha. Conversamos por algum tempo, ela era muito bonita, simpática. Sua amiga chegou, ela se foi, mas deixou seu número. Disse que nos veríamos logo. Algum tempo depois, eu estava sentado na rodoviária, esperando ela chegar, contando os minutos enquanto seu ônibus não chegava. Caminhei em círculos por alguns minutos enquanto seu ônibus não chegava. Ela chegou, explodimos em um abraço e um beijo. Por muito tempo ficamos juntos, brigamos e sorrimos. Era diferente como tudo acontecia. Na verdade, é diferente como tudo acontece. Aos poucos as coisas estão se acertando e sempre que olho pra ela, me lembro da sensação do ônibus que não chegava. Talvez minha história não tenha o melhor final feliz, como dos clássicos de Hollywood, nem dos tristes finais dos filmes italianos. Nem a realidade de alguns livros. Ele é como é. A cada dia que passa, com tudo o que passamos, aprendemos cada dia um pouco.
Aquele soco no meu estômago, demorou um tempo para passar. Como tudo na vida, leva tempo. Hoje, só espero que ele esteja bem, assim como eu estou bem! Não nos falamos mais, talvez nem nos falaremos, mas desejo que ele esteja bem!
A outra moça, casou-se com o tal rapaz. Fiquei feliz em saber que ela está bem, eu fico feliz em saber que as pessoas que me destruíram um pouquinho psicologicamente, estão bem e felizes.
Me mantenho feliz, com o passar dos dias. Que continuem assim, até quando for necessário!
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