Conversas com o Nada!

hoje eu discuti com um rapaz no trabalho. hoje eu falei muita coisa,      mas não falei exatamente o que eu queria. queria ter dito o que, realmente penso, porém impossivél não causar algo pior depois de falar. um pouco depois, um outro rapaz,  neutro. me perguntou  - como cê tava a 10 anos atrás? - eu tava fodido, em casa. meu pai desempregado, minha mãe desempregada. eu desempregado. - e hoje cê ta como? - to melhor que a 10 anos atrás. - pois então, é isso que você tem que ver, você cresceu, estudou, ta estudando e ta crescendo, se você quiser ter um carro, ce vai trabalhar pra comprar ele, uma casa, sei lá. uma TORO, que eu sei que você acha bonita. - haha, eu só quero que TODO MUNDO tenha as mesmas chances que eu tenho - respondi. - como assim? - vou te explicar: eu sou um cara muito privilegiado, e eu entendo que sou, e não acho certo eu ser, enquanto outras pessoas não são. - ainda não entendi - ele disse. - vamos lá, eu ...

por que sumimos nos afastamos ou, simplesmente, nos isolamos? as vezes, acho que Rodolfo Abrantes  foi sábio ao dizer que "é preciso ter um tempo longe daqui tempo de ficar só.    andar na areia e sumir" mas nem sempre só isso é um motivo. preocupações, outras ocupações, decepções, e eu sumo. as vezes eu acho que Xis     tava comigo na pior hora, naquela, exatamente naquela hora, antes de sumir. "tristeza de dar dó, desilusão com tudo caiu meu mundo e eu me senti só o pó." disse tudo. as vezes é por esperar uma mensagem que nunca chega ou,  um abraço, uma conversa. as vezes é por estar decepcionado consigo mesmo. a gente some por que precisa, ficar sozinho é necessário. e eu não quero que me entendam,      quero que se entendam. quero que entendam as necessidades de se estar só.      as belezas,           os esclarecimentos. os mesmos, que são degustad...

nunca consegui ser como Jonny. nunca fui um cara legal, na verdade, na escola eu era o esquisito. nunca tive um opala metálico azul, só consegui ter um gol bolinha, ano 97, vermelho. nunca fui o rei dos pegas na asa sul ou em outro lugar, mas é por que eu não sei fazer isso mesmo. eu nunca peguei um violão e conquistei as meninas e quem mais quisesse ver por que eu nunca aprendi a tocar um instrumento, ou fazer algo que encantesse as meninas (e quem mais quisesse ver). eu nunca soube nada de Janis, Led Zeppelin, Beatle ou Roling Stones por que eu nunca ouvi as musicas que todo mundo gostava, meu gosto era tido como sempre esquisito, assim como eu. mas eu entendo Jonny, com seu sorriso estranho e seu "andar quieto demais" que quase ninguém percebeu. posso dizer que eu entendo um pouco e compartilho os seus sentimentos. nunca fui para a curva do Diabo em Sobradinho, mas eu entendo um pouco do que se passou pela cabeça de Jonny nesse momento. nada disso qu...

as vezes nos sentimos perdidos,  mesmo sem saber o que é se sentir perdido as vezes ao acordar,  eu olho pro teto e penso: 'caralho, acordei de novo...' as vezes eu penso 'o que eu to fazendo aqui?' as vezes, temos a impressão de que nada muda nada evolui. as vezes você já pensou que ninguém se importa, e que você está realmente sozinho. mas muitas vezes, muitas vezes mesmo,    há alguém que se importe, mas este alguém, muitas vezes, também está perdido como você. as vezes aquele lugar já não é mais suficiente pra você e você precisa voar,  mas voar pra onde? não há mais para onde voar. é tudo incerteza. tudo medo. e as vontades que temos, os desejos que temos, parecem também nada. e quando você está perdido e nada faz sentido é quando você mais precisa desistir.

hoje o dia foi bom só desisti de tudo umas 46 vezes. na verdade, a cada respirada     era uma desistência até que foi bom. eu pensei em sumir, sumi um pouco até,    mas logo voltei. hoje o dia foi bom. trabalho, trabalho e trabalho. peguei uma gripe forte,   mal consegui conversar. mas hoje foi um dia bom. sentei pra almoçar com o nada, ele sempre sorrindo pra mim.   da outra vez ele não disse nada, só comeu e me olhou         nos olhos. hoje, ele me olhou dos pés a cabeça,      deu um sorriso maior ainda, "você nunca imaginou que ia chegar nesse ponto né?"   me disse bem baixinho. sacodi a cabeça em sinal negativo. "tudo vai melhorar, hoje vai ser um dia bom"  ele dizia com um sorriso largo no rosto. tudo melhorou,   eu me escondi, não queria conversar mais. por pura preguiça de falar com gente idiota. o celular vibrou umas 10 vezes,  todas elas era...

sintamo-nos, senhores. sintamos todos a solidão, em meio a uma multidão. sintamos o desespero do ser enquanto busca algo,  seja esse algo a coisa fisica ou a si mesmo. sintamos as diferenças entre os seres animados e inanimados, a diferença de estar em meio ao caos e a ordem tudo isso simultâneamente. sintamos o ser amado, e o ser odiado  de cada dia. o Absurdo camusiano  que  nos bate com a pedra de Sísifo. sintamos as linhas de Cioran arderem na nossa pele nua e crua,  tal como deveria ser. os aforismos de Schopenhauer o pêndulo da vida DESGOSTO                                       TÉDIO a palavra não dita, o abraço não dado. sintamos todo o desconforto  em meio a burrice humana. em meio aos assuntos rasos, pessoas rasas. sintamos todos, senhores a tristeza nossa de cada dia. os picos de felicidade que,  ...

tenho pra mim que o maior ato de revolução é desistir. tenho desistido de muitas coisas ao longo da minha vida. coisas e pessoas, pra falar a verdade. desisto de "amigos" que não somam mais. desisto daquela ideia que eu tive de escrever um texto ou daquela tatuagem que eu ia fazer na canela. desisto de chegar até 100mm com meus alargadores e desisto também de lutar, muitas vezes. algumas vezes a gente desiste sem querer desistir o que é o mais triste. eu já desisti de coisas que, talvez,  mudariam minha vida. eu já desisti de pessoas, sem querer desistir. o aperto no peito é grande, a tristeza bate. mas desistimos. algumas vezes não por elas,  mas por nós. e não tem nada a ver com aquela frase clichê  de deixar partir, que vai voltar ou algo assim. é desistir por que dizer e mostrar,  as vezes     não surtem mais o efeito necessário. as vezes eu desisto por que não sou nada, nem nunca vou ser nada, e tudo é passageiro...

HQ feita por mim. Quase 1 ano atrás.

a vida é recheada de decepções. nos decepcionamos com a gente mesmo,    com o simples fato de nos abrirmos. que seja pra uma nova experiência,  que seja pra alguém. uma causa. ou uma ideia. me senti forte,  e achei que aquela seria a melhor hora. mas,  quando é a melhor hora? as pessoas se vão,  os sonhos se vão,       tudo se vai. ficamos nós. nus. e nós estamos sempre fazendo isso sem olhar profundamente o que enteressa. sem nos ligarmos, nos importarmos darmos satisfações. desaparecemos de nós mesmos. escondemos nossas cicatrizes escondemos de pessoas, as quais, deveriamos mostrar, mostrar cicatrizes como figurinhas de um álbum, trocar experiências e,  sermos nós mesmos. mas sem ignorar o fato de que nada virá.      nada nunca vem, nada além de  decepções.

ontem ela se foi   me deixou com um vazio no peito inexplicavél. passou por aqui como um tornado  e transformou  tudo aquilo que eu sou. ainda me lembro do sorriso da forma de sentar no sofá das danças e do olhar.   nada mais será igual. mas mesmo que eu tente  me re-invente tente, tente, tente depois que ela foi    nada mais ficou igual. são sentimentos que brotam uma vez na vida.       mas a gente não acredita. espera que tudo passe,   que a vida volte  ao normal. olho através do copo um copo atrás do outro, álcool, sentimentos e cinzas. ela me olha, sorri como sempre. sentada no mesmo sofá,    com a mesma blusa rosa, o mesmo óculos          e cabelo penteado. tudo fica bem,    enquanto o álcool age, tudo fica bem.

desde muito cedo  eu quis ser aquele moleque   aquele que seria lembrado por todos na escola. sempre achei que eu deveria ser  como alguns que estavam na minha sala.  aqueles que estavam rodeados de garotas, que eram sempre o centro das atenções.  aqueles que seriam lembrados por muito,      e muito, tempo. eu demorei,  muito tempo,  pra entender que eu não era daquele jeito,    que eu nunca seria daquele jeito. eu tinha em mim, coisas que eles nunca terão.         coisas que pouca gente tem. hoje, depois de muitos anos passados, a vida me mostra que,  eu segui o caminho certo.   hoje eu sinto o que eu tinha de diferente. diferente dos muitos amigos, eu não me lembro,   apenas,  tudo aquilo de bom que a vida me deu, a vida é ruim. horrivél. a vida é resistir e odiar, além de amar. mas amar, há, sempre há. mas amar é a menor das partes. da vida...

Nós esperamos demais dos outros. Todos da nossa geração fazem isso. Espera uma aprovação, seja ela a menor possivel, mas esperamos demais. ontem eu escrevi uma poesia,  fiz uma música,  batuquei o nome dela na mesa do computador. ela, talvez sem saber, se quer percebeu. eu espero demais dos outros. e sempre acabo deixando eu mesmo de lado por que espero demais dos outros. eu esperava algo diferente da desta vez. talvez seja por que ela dançou e sorriu e me deixou meio bobo. e eu não demonstrei me importar. talvez eu devesse, primeiro, me importar comigo. ou talvez devesse esquecer essa baboseira toda. mas eu me importo, sem demonstrar. eu vi tudo, mas não disse uma palavra. eu sabia de tudo, mas não expressei uma opinião. está na hora de fechar o caderno, esquecer coisas que eu ouvi das paredes e deixar aquela voz que vive lá no fundo me dizendo: - ela nem notou que você fez isso, cara. por que você insiste? seguir em frente e seguir. pra onde...

a vida é boa,  minha bisavó dizia a vida é boa.  e eu nunca entendi porque a vida é boa. a vida é boa os livros me diziam, até mesmo os mais pessimistas  me diziam que a vida é boa. mas eu nunca entendi por que a vida é boa. eu sinto, sofro, sumo. mas a vida é boa. em mim, fica o vazio da falta do que não se tem. o vazio do abraço que eu nunca pude dar. o vazio de ouvir o ultimo "eu te amo" o vazio de só ter dito "eu também" quando queria ter dito "eu te amo   demais" mas a vida é boa.  ela é, realmente, boa. e eu demorei pra entender o por que ela é boa. a vida é boa, por que ela me da diversos motivos novos pra desistir todo santo dia. por isso ela é boa.