um desabafo.
hoje eu discuti com um rapaz no trabalho.
hoje eu falei muita coisa,
mas não falei exatamente o que eu queria.
queria ter dito o que, realmente penso,
porém
impossivél não causar algo pior depois de falar.
um pouco depois, um outro rapaz,
neutro.
me perguntou
- como cê tava a 10 anos atrás?
- eu tava fodido, em casa. meu pai desempregado, minha mãe desempregada. eu desempregado.
- e hoje cê ta como?
- to melhor que a 10 anos atrás.
- pois então, é isso que você tem que ver, você cresceu, estudou, ta estudando e ta crescendo, se você quiser ter um carro, ce vai trabalhar pra comprar ele, uma casa, sei lá. uma TORO, que eu sei que você acha bonita.
- haha, eu só quero que TODO MUNDO tenha as mesmas chances que eu tenho - respondi.
- como assim?
- vou te explicar: eu sou um cara muito privilegiado, e eu entendo que sou, e não acho certo eu ser, enquanto outras pessoas não são.
- ainda não entendi - ele disse.
- vamos lá, eu sou homem, branco, hétero, numa sociedade machista, racista e homofóbica. eu tenho vantagem de ganhar mais do que mulheres nos trabalhos, eu consigo arrumar trabalho mais fácil do que um preto, eu posso andar suave na rua, de mãos dadas com quem eu gosto, por que não vou ser agredido, saca?
- acho que eu entendo.
- vou ser mais simples, eu sou privilegiado demais, por que eu tenho um lugar pra dormir, todo dia. quentinho. tenho almoço e janta todo dia. eu não consigo ficar tranquilo só pensando em mim, enquanto eu sei que tem gente que não tem o minimo.
- bom, ajudar essas pessoas é o que você quer. mas viu, não discute com esse cara não, eu entendo ele, mas você é mais inteligente que ele, e tem mais nexo do que ele também, ele é bundão.
voltamos a por parafusos na peça.
ele não entende muito de resistência,
a falicidade dele é de ter sido responsavel por vários mecânicos numa empresa grande, e eu entendo ele. cada um tem uma meta pra vida e um sonho, pra ele isso foi o topo dele.
eu sigo, resistindo como posso,
as vezes sozinho,
de cabeça baixa.
mas eu sigo, resistindo.
hoje eu falei muita coisa,
mas não falei exatamente o que eu queria.
queria ter dito o que, realmente penso,
porém
impossivél não causar algo pior depois de falar.
um pouco depois, um outro rapaz,
neutro.
me perguntou
- como cê tava a 10 anos atrás?
- eu tava fodido, em casa. meu pai desempregado, minha mãe desempregada. eu desempregado.
- e hoje cê ta como?
- to melhor que a 10 anos atrás.
- pois então, é isso que você tem que ver, você cresceu, estudou, ta estudando e ta crescendo, se você quiser ter um carro, ce vai trabalhar pra comprar ele, uma casa, sei lá. uma TORO, que eu sei que você acha bonita.
- haha, eu só quero que TODO MUNDO tenha as mesmas chances que eu tenho - respondi.
- como assim?
- vou te explicar: eu sou um cara muito privilegiado, e eu entendo que sou, e não acho certo eu ser, enquanto outras pessoas não são.
- ainda não entendi - ele disse.
- vamos lá, eu sou homem, branco, hétero, numa sociedade machista, racista e homofóbica. eu tenho vantagem de ganhar mais do que mulheres nos trabalhos, eu consigo arrumar trabalho mais fácil do que um preto, eu posso andar suave na rua, de mãos dadas com quem eu gosto, por que não vou ser agredido, saca?
- acho que eu entendo.
- vou ser mais simples, eu sou privilegiado demais, por que eu tenho um lugar pra dormir, todo dia. quentinho. tenho almoço e janta todo dia. eu não consigo ficar tranquilo só pensando em mim, enquanto eu sei que tem gente que não tem o minimo.
- bom, ajudar essas pessoas é o que você quer. mas viu, não discute com esse cara não, eu entendo ele, mas você é mais inteligente que ele, e tem mais nexo do que ele também, ele é bundão.
voltamos a por parafusos na peça.
ele não entende muito de resistência,
a falicidade dele é de ter sido responsavel por vários mecânicos numa empresa grande, e eu entendo ele. cada um tem uma meta pra vida e um sonho, pra ele isso foi o topo dele.
eu sigo, resistindo como posso,
as vezes sozinho,
de cabeça baixa.
mas eu sigo, resistindo.
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