Sobre partidas.
Exatamente hoje, fazem cinco anos em que eu joguei tudo pro alto e fui embora. Se quer olhei pra tras. Sentado aqui, nessa praça, tenho pensado em tudo o que poderia ter acontecido nestes cinco anos, mas nem tudo é pra acontecer. Uma hora dessas ela já está casada, feliz, talvez até com filhos. Eu estou aqui, sentado no banco de uma praça no centro da cidade, vendo os poucos velhos que ainda trabalham aqui empurrando carrinhos pela praça a fora.
Hoje eles cobram cerca de dez reais pela volta na praça, quando eu era pequeno, andei muito nesses brinquedos, mas era uns dois reais no máximo, ou até três, não lembro bem agora.
Enfim, estou cá eu, sentado, pensando em como tudo poderia ter acontecido. Talvez nada desse certo, ou talvez até desse certo alguma coisa. No fim, eu acho que iria embora de qualquer jeito. Sempre se vai embora e sempre haverá uma despedida ou uma partida. Eu deveria me acostumar a não pensar mais nisso.
Eu tenho caminhado por toda a cidade em companhia dos meus pensamentos, onde eles sempre me dizem que eu fiz bem, fugir pra longe de si mesmo, as vezes é uma boa saída, mas fugir pra longe de tudo, posso considerar como a melhor saída.
A última coisa que me lembro foi de uma conversa. Um monólogo, na verdade. Eu perguntava e ela as vezes acenava com a cabeça, as vezes nem me dava bola. Muitas vezes nem lembrava que eu estava por ali. Talvez ir embora tenha sido a melhor coisa.
Hoje eu caminhei uns doze quilometros só pensando em como ela deve estar agora e se ela, pelo menos uma vez, nestes cinco anos, se lembrou que eu existi na vida dela. Não estou triste, nem mal com tudo o que aconteceu, eu já tinha compreendido o que ela queria, eu era só um peso ali, na hora errada e no lugar errado. Principalmente no lugar errado. Meu Deus, como eu demorei pra perceber tudo isso.
Agora ela está feliz, eu sei disso.
Talvez eu devesse ir onde ela costumava ir, só pra confirmar isso. Ou talvez não. É melhor que eu cuide da minha vida.
Os cigarros acabaram. Um cachorro dorme embaixo do banco da praça, faz um calor de 30 graus, com sensação térmica de uns 45 graus. Eu preciso comprar mais cigarros.
Um senhor vê minha agitação e se aproxima, senta-se do meu lado. Muito bem alinhado, terno de linho, cartola e bengala. Olha pra mim, sorrindo
- Tá preocupado, fi? - ele diz.
- Um pouco. Problemas né?
- Segue sua vida que já é problema o bastante pra você!
- Eu sei, só estava pensativo com o passado.
- O passado já foi, fi, o futuro ainda vai vir. Toma um cigarro, depois você compra mais pra você, só para de pensar em coisa que nunca vai dar certo.
- E como eu vou saber que nunca vai dar certo?
- Não é de hoje que eu te conheço, e que eu conheço essa cabeça. Vai por mim, você já tenta isso faz muitas vidas. Nunca deu certo.
Ele sorri, me entrega o cigarro
- Cuidado, cigarro mata. Deus te acompanhe meu fio. Se precisá, sabe onde me encontrá.
Eu conhecia ele, de algum lugar. Acendi o cigarro e ele sumiu.
"Segue sua vida que já é problema o bastante pra você!"
Essa frase dele ficou na minha cabeça.
Os cigarros acabaram.
Preciso ir até a padaria comprar mais.
Eu preciso seguir, ela está bem, feliz. Ela sempre esteve feliz, principalmente quando eu não estava lá.
Hoje eles cobram cerca de dez reais pela volta na praça, quando eu era pequeno, andei muito nesses brinquedos, mas era uns dois reais no máximo, ou até três, não lembro bem agora.
Enfim, estou cá eu, sentado, pensando em como tudo poderia ter acontecido. Talvez nada desse certo, ou talvez até desse certo alguma coisa. No fim, eu acho que iria embora de qualquer jeito. Sempre se vai embora e sempre haverá uma despedida ou uma partida. Eu deveria me acostumar a não pensar mais nisso.
Eu tenho caminhado por toda a cidade em companhia dos meus pensamentos, onde eles sempre me dizem que eu fiz bem, fugir pra longe de si mesmo, as vezes é uma boa saída, mas fugir pra longe de tudo, posso considerar como a melhor saída.
A última coisa que me lembro foi de uma conversa. Um monólogo, na verdade. Eu perguntava e ela as vezes acenava com a cabeça, as vezes nem me dava bola. Muitas vezes nem lembrava que eu estava por ali. Talvez ir embora tenha sido a melhor coisa.
Hoje eu caminhei uns doze quilometros só pensando em como ela deve estar agora e se ela, pelo menos uma vez, nestes cinco anos, se lembrou que eu existi na vida dela. Não estou triste, nem mal com tudo o que aconteceu, eu já tinha compreendido o que ela queria, eu era só um peso ali, na hora errada e no lugar errado. Principalmente no lugar errado. Meu Deus, como eu demorei pra perceber tudo isso.
Agora ela está feliz, eu sei disso.
Talvez eu devesse ir onde ela costumava ir, só pra confirmar isso. Ou talvez não. É melhor que eu cuide da minha vida.
Os cigarros acabaram. Um cachorro dorme embaixo do banco da praça, faz um calor de 30 graus, com sensação térmica de uns 45 graus. Eu preciso comprar mais cigarros.
Um senhor vê minha agitação e se aproxima, senta-se do meu lado. Muito bem alinhado, terno de linho, cartola e bengala. Olha pra mim, sorrindo
- Tá preocupado, fi? - ele diz.
- Um pouco. Problemas né?
- Segue sua vida que já é problema o bastante pra você!
- Eu sei, só estava pensativo com o passado.
- O passado já foi, fi, o futuro ainda vai vir. Toma um cigarro, depois você compra mais pra você, só para de pensar em coisa que nunca vai dar certo.
- E como eu vou saber que nunca vai dar certo?
- Não é de hoje que eu te conheço, e que eu conheço essa cabeça. Vai por mim, você já tenta isso faz muitas vidas. Nunca deu certo.
Ele sorri, me entrega o cigarro
- Cuidado, cigarro mata. Deus te acompanhe meu fio. Se precisá, sabe onde me encontrá.
Eu conhecia ele, de algum lugar. Acendi o cigarro e ele sumiu.
"Segue sua vida que já é problema o bastante pra você!"
Essa frase dele ficou na minha cabeça.
Os cigarros acabaram.
Preciso ir até a padaria comprar mais.
Eu preciso seguir, ela está bem, feliz. Ela sempre esteve feliz, principalmente quando eu não estava lá.
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