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Mostrando postagens de janeiro, 2019

Sobre partidas.

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Exatamente hoje, fazem cinco anos em que eu joguei tudo pro alto e fui embora. Se quer olhei pra tras. Sentado aqui, nessa praça, tenho pensado em tudo o que poderia ter acontecido nestes cinco anos, mas nem tudo é pra acontecer. Uma hora dessas ela já está casada, feliz, talvez até com filhos. Eu estou aqui, sentado no banco de uma praça no centro da cidade, vendo os poucos velhos que ainda trabalham aqui empurrando carrinhos pela praça a fora. Hoje eles cobram cerca de dez reais pela volta na praça, quando eu era pequeno, andei muito nesses brinquedos, mas era uns dois reais no máximo, ou até três, não lembro bem agora. Enfim, estou cá eu, sentado, pensando em como tudo poderia ter acontecido. Talvez nada desse certo, ou talvez até desse certo alguma coisa. No fim, eu acho que iria embora de qualquer jeito. Sempre se vai embora e sempre haverá uma despedida ou uma partida. Eu deveria me acostumar a não pensar mais nisso. Eu tenho caminhado por toda a cidade em companhia dos meu...

Sobre caminhar uma noite.

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Eu caminhava por uma rua deserta, próximo ao novo bairro da cidade, e enquanto caminhava, tentava não pensar em nada, e deixar apenas minha mente devagar pela imensidão do breu que havia naquela região. Caminhando por uma das ruas ainda sem nome, ela vem até meu ouvido e me diz: - Hey, você não vai mais falar comigo mesmo né? Eu ssó queria o seu bem aquela noite! - Eu preciso pensar - respondi - você foi longe demais com tudo aquilo. - Mas, eu já falei, eu queria seu bem e você sabe que aquilo tudo que estava contecendo não iria dar certo mesmo. - Tá, mas será que você poderia me ajudar a pensar e não ficar gritando histéricamente ? - Mas você não me ouve, você tá sempre me ignorando quando eu falo que você precisa fazer uma coisa assim ou assim. Silêncio. - Tá, você prefere ficar quieto mesmo, não é? É sempre assim, você se tornou um bosta mesmo depois disso tudo. - Pelo amor de Deus, fica quieta. Só me deixa pensar em tudo isso que tá acontecendo aqui. Caminhei por mai...

Sábado, 2 da manhã

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Sábado, 2 da manhã. Eu estava sentado na sala, sozinho com a tv ligada. Passava uma reprise do programa do Jô, já extinto da tv. Eu não prestava a atenção só mantinha a tv como uma companhia sonora. Ela se levantou do quarto, passou pela sala, me olhou, foi até a cozinha. Ouvi o barulho da geladeira, ela mexeu em alguma coisa no armário, derrubou uma colher, xingou um pouco e voltou pra sala. Apenas dei um sorriso tentando expressar que ela nunca iria mudar. E eu não estava reclamando disso, era como ela era. Ela volta pra sala, me estica a mão, uma cerveja. - tá pensando ainda naquilo, né? - ela diz. - é difícil superar as vezes. - você se lembra exatamente do que? Abri a cerveja, dei um gole. A noite estava quente e a cerveja me refrescou um pouco. - sabe - eu disse - certa vez, quando eu tinha uns 6 anos, eu tinha muito medo de morrer. Mas não medo pela forma de como eu morreria, e sim pelo que acontece depois da morte. - hmm - ela dizia esperando que eu continuas...

Uma conversa.

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era sábado e como já dizia o velho Bukowski, "todos estavam bêbados". eu estava sentado, no mesmo bar, no mesmo banco, tomando a mesma cerveja e pensando nas mesmas coisas. ela surgiu e sentou-se ao meu lado. - tudo bem? olhei. - sim, tudo bem e com você? - estou bem. você sumiu, não fala comigo a dias. - hmm eu havia ligado duas vezes naquele mesmo dia, enviado algumas mensagens e não obtive nenhuma resposta, durante dias e mais dias. - quer beber um pouco? - eu disse. - não, só vim saber como você está. o garçom me olha, sou um velho conhecido do bar. frequento desde criança, e meu pai era amigo do antigo dono, já falecido. eu me mantenho amigo do atual dono, que era filho do antigo dono. o olhar dele me dizia que algo não estava bem. - eu tô bem, de verdade. - mesmo? - tô sim. - era o que eu demonstrava. ela pegou um papel, de dentro da bolsa. dobrou, colocou próximo a minha garrafa. - leia quando você tiver tempo. - tá. ela se levanta,  sai. ...

Hoje.

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Hoje eu acordei me sentindo bem. Entreguei-me ao nada.  Ontem foi um dia bom. Disse o que queria dizer, pra quem queria dizer. Ontem fui eu mesmo por alguns minutos durante uma conversa. Mas hoje? Hoje eu sou o nada e voltei ao vazio. Talvez aqui seja o meu lugar. O nada. O vazio. Certa vez alguém me encontrou lá, me tirou de lá.  Por que? Essa é minha única pergunta agora. Como já disse Sartre:  " Não importa o que fizeram de você e sim o que você fez com o que fizeram de você." Mas e se não fizeram nada? Dentro deste quarto escuro, nada faz sentido, nada é possível, apenas esperar.  Esperar que tudo acabe, que o nada domine e que o vazio continue pelo todo. O vazio O nada E eu.

Hoje eu acordei sozinho.

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Hoje acordei sozinho.  a muito tempo, não acordava sem saber o que fazer e com          a dor da angústia tão forte. Hoje acordei sozinho.  e o vazio do meu quarto se enchera da solidão.         e não havia nada que eu pudesse ter feito. muitas vezes eu tentei ser positivo  tentei ser positivo até demais         deixando qualquer resposta negativa de lado. Hoje eu acordei sozinho.  com o peso do mundo nas costas.         o peito apertado pelo fato de não me sentir bom o suficiente. Hoje eu vou desistir de tudo.  pelo menos por hoje eu vou desistir.         mesmo por que não sei mais o que fazer. Acendo um cigarro, tomo mais um gole da cerveja gelada.  penso em tudo o que já pensei antes.         em tudo o que tenho sentido. As horas passam devagar agora.  nem tudo é raciocinavel.       ...