Amanhã.
Aquela manhã, eu tinha certeza de que algo de bom iria acontecer na vida de muita gente.
Acordei, me arrastei da cama pro banheiro. Escovei os dentes. Lavei o rosto. Olhei pra mim mesmo no espelho e fiquei pensando em 163 formas de dizer que não me odiava e então disse:
- eu te odeio.
Saí pro trabalho.
Caminhando pela rua, bastante movimentada as 6:20 da manhã. Passei em frente a padaria, comprei um pão na chapa, tomei um café. Comprei mais um maço de cigarros e saí em direção ao trabalho. Caminhei alguns quarteirões até chegar no escritório. Sentei na minha mesa e mais uma vez, como todas as outras 365 vezes no ano, respondi que estava tudo bem para todas as 18 pessoas que me perguntavam como eu estava após um bom dia.
Coloquei os fones de ouvido, deixei o celular tocar as músicas aleatóriamente. Me lembrei de como gostava de tocar guitarra e como isso me divertia.
Planilhas e mais planilhas.
Excel.
Photoshop.
InDesign.
Mais um dia caminhava para o fim.
Continuei me odiando o dia todo. E mesmo sabendo que amanhã seria tudo igual, desejei um bom descanso e que amanhã seria um ótimo dia.
Ninguém se importava aqui.
Já dizia Emicida
" Vários perguntam se eu to bem, mas poucos se importam com a resposta! "
Voltei pra casa.
Eu ainda tinha aquela maldita certeza de que algo de bom aconteceria para muita gente.
Sentei numa escrivaninha, botei um papel e uma caneta em minha frente e, enquanto pensava no que escrever, deixei todas as lembranças e todas as 163 formas de dizer que não me odiava em frente ao espelho. Depois de alguns minutos, comecei a escrever uma carta para alguém.
"Oi, tudo bem?
Eu estou bem. Bem como sempre. Vim dizer que gosto muito de você e que nada do que aconteça a partir de agora vai mudar tudo isso. Eu tenho estudado e tenho tentado compreender como as coisas acontecem ai dentro, e na verdadem, tenho estudado e pensado sobre como as coisas acontecem aqui dentro também. Nada é por acaso. Hoje, talvez, você se lembre de mim pelo que vai ler. Talvez isso dure uma semana, um mês. Até se lembre todo ano, neste mesmo dia. E eu vou ficar feliz por isso. Sempre quis ser lembrado por alguém. Mesmo sabendo que isso é algo quase impossivél para alguém como eu, nunca fui nada, nem serei nada. Tenho apenas sonhos que nunca se realizarão. Mas não por falta de vontade minha, é que são sonhos impossíveis, coisas impossiveis, pessoas impossiveis, tudo está cada vez mais distante das minhas mãos. Eu estou bem perdido e isso é um fato muito claro para todos. Hoje eu tinha certeza de que algo muito bom aconteceria para muita gente e eu sei que vai acontecer de verdade. Sei que quando ler isso, já vão ser nas luzes de um belo amanhecer, após uma noite calma e silenciosa. Acho que pra todos deveria ser assim, não é? Calmo, silencioso e bonito no final.
Eu espero que você entenda. Eu acho que esperei por muito tempo pra absorver isso tudo e entender que tudo é liquido, enquanto eu queria que fosse sólido pelo menos uma vez nesses vinte e poucos anos. Espero que sempre que se lembre de mim, seja com aquela música. One Last Goodbye do Anathema. Mas isso não é um adeus. Isso é um até logo. Sempre é um até logo, sempre foi. Você sabe disso.
Espero que você leia isso com o coração aberto. Eu espero isso, de verdade!
Até mais."
Deixei a carta encostada propositalmente onde ele visse e entendesse que era pra ele.
Tomei um banho, calmamente. Me troquei. Peguei minha blusa de frio, os cigarros e a carteira. Pus os fones de ouvido e olhei uma última vez para aquele lugar.
Eu acordei acreditando que algo de bom iria acontecer para muita gente e vai. Eu tenho certeza.
Acordei, me arrastei da cama pro banheiro. Escovei os dentes. Lavei o rosto. Olhei pra mim mesmo no espelho e fiquei pensando em 163 formas de dizer que não me odiava e então disse:
- eu te odeio.
Saí pro trabalho.
Caminhando pela rua, bastante movimentada as 6:20 da manhã. Passei em frente a padaria, comprei um pão na chapa, tomei um café. Comprei mais um maço de cigarros e saí em direção ao trabalho. Caminhei alguns quarteirões até chegar no escritório. Sentei na minha mesa e mais uma vez, como todas as outras 365 vezes no ano, respondi que estava tudo bem para todas as 18 pessoas que me perguntavam como eu estava após um bom dia.
Coloquei os fones de ouvido, deixei o celular tocar as músicas aleatóriamente. Me lembrei de como gostava de tocar guitarra e como isso me divertia.
Planilhas e mais planilhas.
Excel.
Photoshop.
InDesign.
Mais um dia caminhava para o fim.
Continuei me odiando o dia todo. E mesmo sabendo que amanhã seria tudo igual, desejei um bom descanso e que amanhã seria um ótimo dia.
Ninguém se importava aqui.
Já dizia Emicida
" Vários perguntam se eu to bem, mas poucos se importam com a resposta! "
Voltei pra casa.
Eu ainda tinha aquela maldita certeza de que algo de bom aconteceria para muita gente.
Sentei numa escrivaninha, botei um papel e uma caneta em minha frente e, enquanto pensava no que escrever, deixei todas as lembranças e todas as 163 formas de dizer que não me odiava em frente ao espelho. Depois de alguns minutos, comecei a escrever uma carta para alguém.
"Oi, tudo bem?
Eu estou bem. Bem como sempre. Vim dizer que gosto muito de você e que nada do que aconteça a partir de agora vai mudar tudo isso. Eu tenho estudado e tenho tentado compreender como as coisas acontecem ai dentro, e na verdadem, tenho estudado e pensado sobre como as coisas acontecem aqui dentro também. Nada é por acaso. Hoje, talvez, você se lembre de mim pelo que vai ler. Talvez isso dure uma semana, um mês. Até se lembre todo ano, neste mesmo dia. E eu vou ficar feliz por isso. Sempre quis ser lembrado por alguém. Mesmo sabendo que isso é algo quase impossivél para alguém como eu, nunca fui nada, nem serei nada. Tenho apenas sonhos que nunca se realizarão. Mas não por falta de vontade minha, é que são sonhos impossíveis, coisas impossiveis, pessoas impossiveis, tudo está cada vez mais distante das minhas mãos. Eu estou bem perdido e isso é um fato muito claro para todos. Hoje eu tinha certeza de que algo muito bom aconteceria para muita gente e eu sei que vai acontecer de verdade. Sei que quando ler isso, já vão ser nas luzes de um belo amanhecer, após uma noite calma e silenciosa. Acho que pra todos deveria ser assim, não é? Calmo, silencioso e bonito no final.
Eu espero que você entenda. Eu acho que esperei por muito tempo pra absorver isso tudo e entender que tudo é liquido, enquanto eu queria que fosse sólido pelo menos uma vez nesses vinte e poucos anos. Espero que sempre que se lembre de mim, seja com aquela música. One Last Goodbye do Anathema. Mas isso não é um adeus. Isso é um até logo. Sempre é um até logo, sempre foi. Você sabe disso.
Espero que você leia isso com o coração aberto. Eu espero isso, de verdade!
Até mais."
Deixei a carta encostada propositalmente onde ele visse e entendesse que era pra ele.
Tomei um banho, calmamente. Me troquei. Peguei minha blusa de frio, os cigarros e a carteira. Pus os fones de ouvido e olhei uma última vez para aquele lugar.
Eu acordei acreditando que algo de bom iria acontecer para muita gente e vai. Eu tenho certeza.
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